quarta-feira, 30 de junho de 2010

Artigo em extinção

Acabei de chegar em casa. Hoje foi  um dia extremamente longo, saí de casa às 8h para um treinamento externo e quando acabou, já estava bem cansada, mas não podia deixar passar a oportunidade de ir ao evento da Cia. de Talentos sobre a Empresa dos Sonhos dos Jovens 2010.

Primeiramente, queria deixar aqui minha revolta com o preço do táxi em SP. Quarta, meu dia de rodízio, não pude fazer o roteiro de carro... Fui de táxi de Moema até Itaim Bibi, depois direto até Chácara Santo Antônio e de volta a Moema. Gastei mais de R$100,00. Ainda bem pelo reembolso da empresa, porque senão seria um belo rombo no meu orçamento do mês.

De qualquer modo, não é sobre isso que eu quero falar hoje. Quero falar sobre humildade. É engraçado como a humildade aparece nas pessoas mais inusitadas e está ausente nas pessoas que mais deveriam tê-la.

Vamos ao que interessa. O meu treinamento hoje foi sobre Recrutamento & Seleção por Competências, numa empresa bem legal que eu não conhecia, a Integração Escola de Negócios. O curso é aberto, então havia cerca de 20 pessoas, de diferentes empresas, diferentes estados e diferentes cargos.

Uma das pessoas era uma estagirária de uma empresa não tão pequena, mas que começou com o RH agora e ainda está engatinhando. Até aí, ótimo, toda empresa precisa começar com o RH em algum momento. Mas o que me incomoda é a necessidade de aparecer. Sabe aquelas pessoas que fazem perguntas para mostrar o que sabem e ainda aproveitam para fazer uma propaganda forçada de si próprios? Então. Ela se encaixava perfeitamente nesse quadro.

Mais uma vez, acho muito digno uma pessoa ser confiante em si mesmo, saber seus potenciais, mas não precisa sair alardeando isso para Deus e o mundo no início de um treinamento onde ninguém se conhece direito. É aquele negócio, a primeira impressão é a que fica e nunca é bom deixar a primeira impressão de ser uma pessoa metida e nada humilde. Acabou gerando comentários baixinhos entre os outros participantes que perceberam que aquilo que estava acontecendo não era nada agradável e ainda atrasava o andamento do curso.

Enfim, o primeiro choque passado, começamos a ignorar a característica incômoda e o dia passou sem maiores frufrus. Depois de 8 horas de curso, peguei meu segundo táxi e parti para o evento - que eu não tinha ideia de que seria tão importante e tão grande, o que me deixou um pouco bleh quando cheguei lá de calça jeans e vi todo mundo de vestido e maquiado.

Tentei deixar isso de lado, afinal de contas, minha calça era escura, minha camisa social era arrumadinha e ainda estava de blaser e salto vinho, bastante fashion, devo dizer. Começo a fazer uma social, tomar um prosecco - disse que o negócio era chique - e comer uns salgadinhos, quando ao virar para o lado vejo dona Mônica Waldvogel (bendito Google por me ajudar a escrever esse nome) do meu lado. Comecei a ter uma ideia mais clara de quão bizarro era o evento e continuei, agradecendo por ter vencido a preguiça e dado as caras por lá.

Bastante divetido o coquetel. Mas logo fomos chamados para entrar no salão onde os resultados da pesquisa seriam apresentados e os prêmios distribuidos. Aí começou o real show. A dona da empresa subiu ao palco para apresentar e iniciou falando de como a Cia estava fazendo 20 anos hoje. Contou a história da companhia - linda, por sinal - e chamou o grande incentivador e responsável pelo crescimento de tudo: o antigo diretor de RH da Unilever.

O velhinho subiu ao palco para agradecer a homenagem, um cara que simplesmente era o antigo diretor de RH da Unilever, hoje aposentado, obviamente. Muito fofo, morri de vontade de apertar as bochechas dele!!! E o agradecimento foi emocionante, me peguei chorando e fazendo a minha chefe chorar também. Imensamente humilde, ele falou algo do gênero "Nunca imaginei que, depois de tantos anos, vocês fossem se lembrar de um velho como eu. Realmente, muito obrigado."

Mas não acabou por aí. Apresentação segue e sobe ao palco, ninguém mais, ninguém menos do que Roberto Justus. Nunca fui muito fã do cara, ele estava lá para receber o prêmio de líder dos sonhos dos jovens, mas tenho que admitir que ele me surpreendeu. Mais um cara que tem um mundo de grana, super conhecido por todos pelo seu famoso cabelo e a humildade em pessoa.

Defendeu o Lula, que foi alvo de uma grande comoção quando apareceu entre os top 10 líderes dos sonhos dos jovens, disse que um cara que começou onde ele começou, que chegou onde chegou com a instrução que teve durante a vida, tem mesmo que ser visto como uma inspiração para os jovens, que ele é um homem exemplar e admirável. Claro que não chegou ao ponto de expôr suas opiniões políticas, isso já seria demais, mas fiquei boquiaberta.

Saí de lá antes da premiação das 10 empresas, afinal de contas a minha não estava na lista (completo e total absurdo, por sinal) e o evento já estava atrasado cerca de 1 hora. Além do mais, o lugar estava lotado e eu ainda teria mais uma epopeia até a minha casa, então não queria ter que me engajar numa luta de punhos com alguém por um táxi livre no final de tudo.

Mas resumindo, o causo é esse. Humildade é artigo em extinção hoje. E os papeis estão trocados. Estagiárias com o rei na barriga e CEOs de empresas colossais, humildes...


PS: Segue a lista de resultado das top 10, que acabou de sair:  Empresas dos Sonhos dos Jovens 2010 (vocês não têm noção de como eu discordo de umas 3 delas... ai ai, jovens iludidos. Ano que vem, a minha estará aí - missão para 2011)

3 comentários:

Anônimo disse...

Incrível como isso é comum, pessoas que mal saíram dos cueiros com o rei na barriga.
Eu mesma, sabendo como sou inteligente, tenho que me vigiar pra não ser muito arrogante. E uma coisa que me tem me ajudado a ser mais humilde é justamente o mestrado: quanto mais estudo, mais tenho real noção do quanto eu preciso estudar...
Talvez esse aparente paradoxo seja justamente por isso: o estagiário teve poucas oportunidades de cair do cavalo e ver que não era tão bom, enquanto que os CEOS caíram do cavalo várias vezes (ou viram outros caírem), o que os fez perceber o quanto custou para terem chegado onde chegaram.

Rafa disse...

Antes de tudo:

Shoyu é uma das maravilhas do mundo moderno e eu em carcterizo Sonho de Valsa cmo chocolate porque ele é muito bom para ser chocolate. uahuahauhuaau

"Sabe aquelas pessoas que fazem perguntas para mostrar o que sabem e ainda aproveitam para fazer uma propaganda forçada de si próprios?"

Odeio esse tipo de pessoa.

E realmente a falta de humildade é um dos problemas desse mundo (na minha opinião). Quem sabe se o mundo fosse mais humilde e não tivesse necessidade de aparecer tanto... As coisas seriam melhores. Concordo contigo quando tu disse que é digno a pessoa ser confiante e saber seus ponteciais, mas que não precisa ficar alardeando por aí.

E é bem como como tu colocastes no texto mesmo... Quem deveria ter humildade não tem nenhuma e por isso a pessoa acaba se tornando pedante e com pouco conteúdo. É a cultura do "eu" estragando a sociedade.

Nunca fui muito com a llata do Justus, mas depois de conhecer melhor o sujeito... Comecei a simpatizar e achar que ele era um cara bacana. Agora lendo o teu texto... Só confirmei tudo isso.

Beijos!

Isadora P. disse...

Concordo, dona Taíssa. Humildade é artigo raríssimo these days...

História boa essa, deve ser divertido meio que cair de pára-quedas num evento desse calibre e ainda se surpreender com a ironia das coisas.

Beijinhos!