quinta-feira, 24 de junho de 2010

A hard day's night

22h30 e eu já estava me preparando para ir dormir. Meio preocupada com questões cariocas, apelei para recado em caixa postal e rumei para o meu quarto. Morrendo de sono, dia quarta é sempre dia de acordar às 5h40 da matina, então estava planejando uma noite tranquila de sono...

Mas ultimamente muito poucas coisas estão saindo de acordo com o planejado e ontem não seria diferente. Enquanto estava me acomodando na cama, toca o celular. Uma conversa que começou bastante agradável terminou em um clima extremamente pesado e com isso, parte do meu sono foi embora. Pequena parte, é verdade, porque eu estava caindo, mas ainda assim, todo o relaxamento fugiu completamente.

Resumindo, dormi super tensa em uma posição que não deve favorecer muito meu corpo, porque acordei com o meu lado direito completamente travado. Sério, eu estava uma mistura de Darth Vader com Robocop. Não conseguia olhar para o lado, não conseguia levantar o braço direito... Uma graça.

Fui para o trabalho e meu dia começou. Não sei o que aconteceu hoje por lá, mas o clima estava um tanto apressado. Adoro quando passo o dia inteiro trabalhando, mas hoje a maior parte o trabalho foi operacional e isso me incomoda um pouco. Sei que todo emprego tem a parte operacional, isso ajuda a entender melhor o sistema de como as coisas acontecem, mas realmente não gosto quando percebo que as pessoas têm preguiça de fazer seu trabalho e jogam nas costas dos outros. E hoje meu dia foi basicamente isso.

Para começo de conversa, cheguei no meu trabalho no horário de sempre e a minha chefe chegou razoavelmente mais tarde que eu... nada contra, mas isso está virando costume. Além disso, ela chegou toda feliz porque amanhã ela não vai trabalhar, porque vai viajar com o marido para a praia. Isso não me incomodaria em nada, se não fosse tão frequente e, principalmente, se meu humor não estivesse abalado por causa da dor insuportável que eu estava sentindo do pescoço até o meio das minhas costas.

Por volta das 10h30 eu não aguentei, desci até o ambulatório e tomei um relaxante muscular para ajudar. A enfermeira me deu 4 comprimidos, para tomar de 8 em 8 horas. Ótimo, pelo menos, até amanhã já teria chance da dor infernal passar... Mas quando cheguei lá em cima, a chefe me disse que estava com um pouco de tensão no pescoço e pegou um dos meus comprimidos e disse que, caso até amanhã a minha dor não passasse, era só eu passar no ambulatório e pegar mais remédio. Agora me digam, por que cargas d'água, ela mesma não desceu e pegou um remédio para ela e me deixou com os remédios que eu tinha que tomar???

Não querendo parecer reclamona, ignorei o leve abuso e continuei a trabalhar. Mais uma vez, isso jamais me incomodaria em um dia normal, tenho um relacionamento maravilhoso com a minha chefe, acho ela uma pessoa incrível, mas infelizmente, ela me pegou num dia ruim. Não há nada que incomode mais do que uma dor constante te atrapalhando o dia inteiro...

As horas passam e eu recebo mais e-mails me delegando trabalhos operacionais. Isso é uma coisa que sempre me preocupei, o modo de gestão de pessoas. Sempre pensei que, quando chegar a minha ver de gerir pessoas, antes de jogar trabalhos chatos que, na maior parte das vezes, não vão agradar meus empregados, o mínimo que eu posso fazer é informar diretamente a ele e "perguntar" se ele não se incomodaria. É claro que eu delegaria, mas acho que é uma gentileza que não machuca ninguém, demonstra que você se preocupa com o bem estar do pessoal.

Mas não foi o que aconteceu. E-mail com vários recipientes, comigo como cópia, informando que eu faria várias tarefas que eu não tinha a menor ideia prévia de que seriam minhas responsabilidades... Sem querer soar repetitiva, isso provavelmente não me incomodaria tanto se fosse outro dia, mas hoje tornou meu trabalho um saco de aturar e o que eu mais queria era vir para casa depois de dar algumas lições de liderança para meu gerente.

Final do dia, entrevista marcada para 16h30, já passavam das 17h30 e ainda não tínhamos chamado o coitado do candidato para a sala. Desculpa, mas isso sempre vai me incomodar. Não acho certo, ponto. Sei que estamos numa fase atribulada do mês, que temos muito trabalho para fazer, mas sei como é ficar esperando mais de uma hora para ser entrevistada e nunca é legal. A ansiedade cresce, a frustração aparece e se você não souber lidar bem com isso, não vai conseguir dar seu melhor.

Pouco tempo depois, minha chefe volta e chamamos o candidato para a sala. Finalmente, ponto alto do meu dia. O cara era ótimo - felizmente ele é uma das pessoas que sabem lidar bem com o atraso - e o clima da entrevista foi leve, divertido e não vi o tempo passar. Quando eram mais ou menos 18h30, agradecemos a presença dele, pedimos desculpas pelo atraso e voltamos para nossas mesas.

Em outras ocasiões, eu enrolaria um pouco antes de ir embora, mas hoje não. Nem cheguei a sentar na cadeira. Desliguei meu computador, desejei boa viagem para minha chefe, peguei minhas coisas e fui embora. Não aguentava mais ficar ali. Tudo o que eu queria era vir para minha casa, fumar meu cigarro e assistir minha televisão idiota.

É... tirando a entrevista e o almoço na feira para descontrair e me despedir do estagiário que está indo passar 1 mês viajando o Canadá de ponta a ponta (coitadinho), meu dia realmente foi difícil. A saída agora é tentar relaxar e lembrar que amanhã é sexta-feira, tem jogo do Brasil e, mais tarde, quando chegar em casa, terei visitas cariocas para matar a saudade.

2 comentários:

Rafa disse...

Eu também adoro ironia e sarcasmo. Um amigo costumava me dizer:

“Rafa... Tu és irritante às vezes... Usa ironia em tudo... Até quando não deve.”

Tu não és palerma e eu também não sou. Palermas são aqueles que não sabem usar a ironia, não são inteligentes para isso, ou seja, uma grande quantidade de adolescentes que não gosta de ler e se acha entendedora dos problemas do mundo e revolucionária por falar mal de algo que fazem igual.

Vamos ao texto:

Acho que às vezes as coisas que não saem como o planejado podem ser boas. Mesmo que a principio pareçam ruins. Em alguns casos, tiramos uma bela lição da situação e seguimos mais fortes. Por vezes é uma bosta na hora, mas sempre aprendemos.

Fico MUITO PUTO quando alguém me manda fazer algo sem me perguntar ou coisa parecida. Acho que vai ser difícil eu ser chefe nessa vida, viu? Vou acabar sendo meio hippie: “Relaxa pessoal, tudo vai dar certo” ou coisa do tipo.

Tenho “graves” problemas com chefes e nesse episódio (apesar de não conhecê-la) acho que tua chefe foi folgada. Não custava nada ela ter ido lá e buscado seus próprios comprimidos.

Acho bacana tu te preocupar com a entrevista não ter acontecido na hora marcada e entender a apreensão do candidato. Às vezes (como foi o caso) a culpa nem é nossa, mas é legal pensar na pessoa que está esperando.

Relaxar?

Nada melhor do que a combinação Beatles+Cigarro para relaxar.

Beijos!

Unknown disse...

É impressionante como uma dor constante acaba com o humor de qualquer um...
Mas esse diazinho, por mais bem humorada que você estivesse, seria CHATO mesmo!
Coragem!!! Dias melhores virão!!!