terça-feira, 22 de junho de 2010

As ciências de morar sozinha

Desde que me mudei para São Paulo todo mundo que fica sabendo que sou carioca solta duas perguntas: "Ué, como você largou aquelas praias e veio para cá?" e "E aí? Já se acostumou com a cidade?!".

Para as duas perguntas, sempre tive respostas na ponta da língua. Primeiramente, nunca fui uma carioca fã de praia. Sempre que podia ia à piscina, sempre achei praia um lugar extremamente cheio e não curto ficar procurando um lugar para deitar por horas e quando finalmente encontrar, ter uma figura do meu lado ouvindo funk ou então aquelas crianças super educadas que passam jogando meio quilo de areia na minha cara, enquanto eu estou deitada pegando meu sol e tentando esquecer da vida. Por isso, sempre que fui à praia, ia àquelas mais vazias, onde eu sabia que não ia me irritar.

Para a segunda pergunta, bom... Sempre amei São Paulo. De uns anos para cá, vinha sempre que possível, sempre que o avião estava chegando, ficava extremamente feliz, como se estivesse chegando em casa. Então sim, já me acostumei à cidade, que, se vocês quiserem minha mais sincera opinião, nem é tão diferente do Rio assim...

O que demorou um pouco para eu me acostumar, foi morar sozinha. Não ter alguém presente para conversando quando estivesse sem sono, ou poder correr para a minha mãe, não importasse a hora, para pedir conselhos sobre minha vida amorosa... Companhia foi um problema sério. Mas nada que a TIM não resolva com seu mágico plano Liberty e a facilidade de ligar para qualquer TIM de graça. Isso realmente me ajudou com a questão de não poder falar a qualquer hora.

Pronto, depois que convenci a todos que me importavam mais a passar para a TIM, meu problema de companhia mudou. Ficar em casa sozinha, agora era questão de vontade, poder ficar sozinha e curtir meu momento, colocar os pensamentos em ordem e, caso surgisse pânico, família à distância de um telefonema!

Mas nem tudo estava resolvido! Agora eu precisava me acostumar a fazer tarefas de casa. Quem me conheceu morando no Rio, sabe que eu não lavava louça, nunca tinha lavado a minha roupa (com exceção da época em que morei no Wyoming) e nunca fui muito preocupada se tudo estava no seu devido lugar - tinha a minha baguncinha, e quase sempre me encontrava nela.

Já falei aqui antes, como percebo muitas mudanças em mim. Como sou preocupada com arrumação na minha casa, como gosto das coisas limpas e como percebi ser um tanto territorialista. Aprendi a lavar roupa, a estender roupa no varal (sim, é necessário conhecimento para se estender bem uma roupa) e que lavar louça na água quente é muito melhor para tirar todas as gordurinhas chatas do que se lavasse com água fria.

Acredito que esteja virando uma razoável dona de casa. Digo razoável porque ainda não cozinho. Um dia quem sabe... Por enquanto, nem fogão tenho em casa. Mas isso não me incomoda. É meu estilo de vida, chego cansada em casa, não tenho pique para cozinhar, então um sanduíche (san - du - í - che, vocês paulistas que me perdoem, mas nunca vou me acostumar com "lanche") é sempre a melhor pedida.

Não, nada disso me incomoda mais. A única coisa que realmente me incomoda é trocar o saco plástico na lata de lixo. Por favor! Vocês, pessoas experientes, que fazem isso há muito tempo, existe algum truque? Alguma dica? Uma ciência?! Se existir, por obséquio, me digam!!!

Eu não sei qual é o meu problema, lembro quando eu morava com  a minha mãe, o saco sempre bem arrumadinho na lata, parecia ser feito especialmente para o nosso lixo! Hoje, quando tento fazer a mesma coisa, levo uma surra da lata e quase desisto. Não consigo encaixar o saco na boca do balde que vem na lata, nunca cabe! Encaixa de um lado, sai do outro. Tento segurar meio que dos dois lado, a porcaria do saco plástico rasga, piso no pedal para a tampa ficar aberta, a lixeira escorrega para trás e fecha na minha mão...

Já tive testemunhas dessa luta aqui em casa. Testemunha bastante mão na roda, porque eu realmente desisti, xinguei o lixo algumas vezes e pedi ajuda. E pronto, alguns poucos segundos depois e lá estava o saco plástico arrumadinho na lixeira! Sim, o problema é comigo, eu sei!

Hoje em dia, eu tenho a minha diarista, que troca o lixo lindamente... Resultado? Eu passo as duas semanas tentando usar o mínimo do lixo possível para eu não ter que passar pela experiência traumatizante. Mas é impossível! Uma semana depois e lá está o lixo cheio, pedindo para ser trocado. E lá estou eu, perdendo da lixeira, que nem a Coreia do Norte de Portugal.

Se me perguntarem se eu já me acostumei a morar sozinha, digo que praticamente sim, mas que existem algumas arestas a serem aparadas ainda. Sim, porque eu até consigo arrumar a lixeira, mas até conseguir, até o meu humor já foi pro lixo.

2 comentários:

Rafa disse...

Morei algum tempo e Florianópolis e uma das perguntas que mais me foi feita na vida foi a mesma de como eu larguei as praias e tudo mais. Nunca fui fã de praias, sei bem tu que tu estás falando.

Eu acho legal morar sozinho, mas entendo os momentos em que épreciso conversar com alguém, desabafar, contar sobre o que aconteceu no dia e essas coisas, mas acho que é tudo questão de costume. Assim como a arte de estender bem uma roupa no varal.

Olha... O meu saco plástico no lixo não fica lá a oitava maravilha do mundo, mas fica legal. Não acho que tenho uma técnica... Apenas coloco de qualquer jeito e vou arrumando para enxaixar direitinho (isso é uma das coisas que eu tenho paciência para fazer nesta vida... uhauhauahuhauaa)

Beijos!

Unknown disse...

Quando esquenta muito aqui no Rio ou fica um tempo super abafado como o de ontem eu invejo quem está em São Paulo.O clima daí é, sem dúvida, mais agradável.
Agora, poderia sugerir que você deixasse de ser pão-dura e comprasse sacos próprios para o lixo, que encaixam na lata com sobra, mas pensando no planeta, acho que você deve continuar a usar saquinhos de supermercado mesmo, que um dia você pega o jeito...