quarta-feira, 9 de junho de 2010

Not a Desperate Housewife

 Levantar hoje foi difícil. Dia de rodízio, de acordar às 5h30, levantar às 6h e chegar no trabalho às 7h. Meu despertador tocou e o friozinho gostoso de São Paulo parecia implorar para eu continuar embaixo do meu edredon, abraçada com meu travesseiro.

Peguei um impulso, corri para debaixo do chuveiro com a água na temperatura mais quente possível e fiquei ali curtindo a água quente pensando no dia que vinha pela frente. Saí do banho, me sequei correndo para não congelar - apesar de ter aquecedor, sempre esqueço de levá-lo para o banheiro - e me arrumei, pronta para sair. No caminho para fora do meu apartamento, olhei para a mala no meu quarto esperando para ser desfeita, para o saco de roupa suja esperando para ser lavado e partí.

Resolvi mudar o trajeto para a empresa. Além de exercitar o cérebro, achei que seria interessante procurar um caminho que ocupasse menos tempo, que tivesse menos sinais e quem sabe, menos engarrafamento. Segui em direção à Bandeirantes e lá fui eu, me aventurar e torcer para não me perder e chegar atrasada com uma multa de brinde. Preocupação completamente infundada, porque não só não me perdi, como o caminho é realmente bem mais rápido e, ao invés de chegar às 7h, cheguei às 6h40!

6h40!!! Isso é hora de chegar no trabalho?!
Bom, pelo menos passei por uma funcionária extremamente dedicada, garanto que meu gerente adorou ver que recebeu um e-mail meu antes das sete horas da manhã. Aproveitei o tempo, adiantei meu serviço, passei por blogs, facebook e fóruns e quando menos esperava, o escritório já estava cheio.

Passei o dia matando o tempo trabalhando, participando de reuniões, fechando vagas, conversando, comendo alfajor e rindo horrores com a minha chefe. Mas em nenhum momento, nenhunzinho, a mala e o saco de roupa suja saíram da minha cabeça. Meu plano: chegar em casa, colocar uma música, lavar a roupa e, enquanto a máquina fizesse o trabalho sujo, eu desfazia a mala (afinal, meu Wii estava esperando para ser instalado).

Dia passa, o relógio mostra 16h e pouquinho, arrumo minhas coisas, tiro meu salto 15, coloco meu Crocs e trabalho doméstico, aí vou eu! Marginal, Bandeirantes e em poucos minutos, estou novamente em casa. Adoro morar em Sampa e não ter que pegar aquele trânsito insuportável da 23 de Maio (Maio, né?).

Olho para a minha tv, meu laptop, meu sofá e o desânimo bate. Hora de exercer meu papel de dona de casa. Sempre odiei desfazer mala, minha mãe vivia chamando minha atenção, me lembrando de como aquela mala estava no chão do meu quarto há quase 1 mês e ela não ia se desfazer sozinha... Mas agora a situação é diferente, eu mesma me pego cobrando arrumação. Boa mudança, é engraçado perceber como eu não sou tão bagunceira como pensei que fosse.

Bom, vamos lá. Pegar o saco de roupa suja, separar roupas claras e escuras - hoje foi dia das roupas escuras - nível 3 de água, sabão em pó, alvejante, amaciante, ligar a máquina e pronto! Rumo ao quarto, abro a mala e pronto, momento chato de guardar tudo no armário... Começo a desfazer e me surpreendi, porque para ser sincera, desfazer mala nem é tão chato quanto eu pensava.

Pronto, dever cumprido. Agora posso sentar na frente do laptop, ligar a tv e esperar a roupa terminar de ser lavada. Papo vêm e papos vão no MSN e Gtalk, Felicity na Sony e percebo que a máquina parou de fazer barulho. Momento de estender a roupa no varal e torcer para que com esse frio, ela seque em tempo de guardar antes de viajar na sexta.

Roupa lavada, estendida, mala desfeita e uma sensação incrível. Virar gente grande, ter responsabilidades, aprender a cuidar de mim mesma, olhar ao meu redor e ver a casa arrumada, as roupas cheirosas, a mala vazia, o Wii instalado.

É, realmente eu estou virando uma dona de casa de primeira.
Agora com licença, vou comer um X-Picanha congelado da Sadia, porque aqui em casa não tem fogão...

6 comentários:

Unknown disse...

CARACA!!!!
Só demorou 3 dias para desarrumar a mala?!?!?!
Realmente, morar sozinha está transformando você numa OUTRA pessoa.
Agora você vê como é bom estar com tudo arrumadinho, né? Principalmente quando essa arrumação é fruto do próprio trabalho... Parabéns!

Maira G. disse...

Ei flor, vc nunca teve que pegar a Marginal ou a Bandeirantes em trânsito de 100 km, né?

hahahahahahaha é tipo umas 2 milhões de vezes pior que a 23 de Maio [é Maio mesmo].

Muito legal ver você "virando gente grande". Uma hora a gente aprende, né? Hehehe.
E o medo? E a saudade?

Beijo!

Rafa disse...

Isso me faz perceber que és fã dos pequenos detalhes (coisa que eu admiro muito no ser humano):

"corri para debaixo do chuveiro com a água na temperatura mais quente possível e fiquei ali curtindo a água quente pensando no dia que vinha pela frente"

Certas vezes também fico com algo na minha cabeça o dia inteiro e não sossego até resolver... O problema é fazer todas as outras coisas, como tu bem colocastes no teu texto, sem pensar naquele "problema" para resolver e é aí que eu me perco e começo a ficar nervoso.

Tens um belo blog, voltarei de certeza. E fico contente que tenhas gostado do meu. Sempre serás sempre bem-vinda.

Até mais!

Isadora P. disse...

Taíssa!
Muito divertidas as suas aventuras de dona casa de primeira viagem...
Também me mudei e tem um bocado de histórias bizarras com eletricistas e instaladores da net bizarros. Coisas inacreditáveis... ;)
Bom saber que você está bem!

Beijinhos,

Rita

Ps: Seguindo...

Rafa disse...

Concordo inteiramente contigo no comentário que fizestes lá no meu blog.

Meu problema não é procurar um emprego que não gosta para ir custeando a vida até chegar em um sonho alcançado e sim justamente pensar baixo, acomodar-se em algo pequeno e deixar de tentar alguma coisa por achar que não se tem a capacidade necessária.

Como é dito por aí... temos de "engolir sapos" em empregos para podermos alcançar um objetivo maior. Só não se pode ser humilhado. Meu problema (também) está com isso: Muita gente se deixa humilhar, rebaixar para garantir um emprego que odeia apenas por manter e porque está difícil. Concordo que está difícil, mas não impossível. É o medo do desconhecido que a maioria do ser humano tem e eu luto para que isso seja perdido. Pode ser um pulo no escuro, porém, pode ser a salvação de alguma coisa e até mesmo um novo horizonte para a conquista de um sonho.

Beijos e bom domingo.

Anônimo disse...

Incrível como as coisas mudam de figura quando a voz "limpe, arrume" é interna e não externa LOL